Esse Blog teve seu início no dia 08 de junho de 2010 e seu post final foi publicado no dia 14 de julho de 2013, quando o objetivo da Maratona foi alcançado.
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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Jarbas em Chicago

Hoje o post é do Jarbas: grande camarada que tive a honra de conhecer na Volta do Lago.
Pedi pra publicar sua experiência durante a maratona de Chicago.
Jarbas é corredor dos bons e apaixonado.
Enjoy!

Maratona é isso aí
Eu só pensava em baixar meu tempo em Chicago. Estava treinando tão bem que tracei uma estratégia ousada: meter 4’44/km até os primeiros sinais de cansaço (pelos meus cálculos o km 28), diminuir para 5’/km e, em caso de emergência, me contentar com 5’16/km. A fórmula para chegar antes dos sonhados 3h30.
Mas maratona não quer saber só do seu tempo. Cobra tudo. Passei os 21 voando, 1h39, mas já fazendo força. Algo estava errado, era para eu estar sobrando. A confirmação veio lá pelo 25: o gel desceu e subiu na mesma velocidade. Gorfei tudo. De repente, um cara que viu tudo da calçada agarra meu braço, me dá uma garrafa de água e grita go, go, go! Me limpei e continuei. A essa altura meu pé já queimava em fogo eterno. O termômetro indicava 85F, algo como 30ºC. Para diminuir a dor, inconscientemente mudei a pisada. Logo a lombar e a virilha reclamaram. Tinha saído da postura ideal.
Cheguei no 32 e era hora de fazer força. Quer dizer, mais força. As pernas começaram a doer e engrossaram a fila do SAC. Deixei suas queixas leves com a última senha. Precisava tomar mais um gel e o medo de passar mal de novo voltou. Meu corpo precisava de energia, então tomei na marra. Desceu e não voltou. Alguma coisa precisava ajudar. Chicago aumentou o forno e o protetor solar já servia de manteiga para fritar minhas costas. Deixei para lá. Era muita coisa doendo ao mesmo tempo.
O último gel chegou como o primeiro. Desceu e subiu. A essa altura do campeonato, já estava acostumado. Pode sair à vontade. Água para limpar e vamos nessa. A última milha estava logo ali e a organização pedia a todos que continuassem caminhando depois da chegada. Não, obrigado. Melhor que terminar foi agarrar a primeira enfermeira pela frente. Claire foi quase uma mãe. Me deu água, comida e minha medalha. Sentei e fui ouvir porque o corpo reclamava tanto. Uma bolha de sangue tinha estourado e encharcou a meia. Faz um curativo aí, Claire. As costas estavam ardendo. Claire, pasta d’água. O estômago estava de mal a pior e deu seu último ato. Claire, traz o balde.
Chicago queria um ensopado de mim. E fez de tudo para conseguir. Chorou, esperneou, fez birra. Mas, ah meu amigo, aqui só carne de pescoço. Claire, pega ali a minha medalha.


Fantástico!
Agora é convencer o Jec (outro camarada da Volta do Lago) a me passar o relato da sua experiência na Maratona de Buenos Aires.
Até a próxima.
LG

3 comentários:

  1. Guilherme!

    Achei legal sua idéia de abrir seu espaço para seus camaradas postarem suas experiências...

    Abs

    Fábio
    www.42afrente@blogspot.com

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  2. Muito bom o relato do Jarbas! Ops... na verdade muito bom por ter relatado, pois eu não gostaria de passar por isso aí!
    Correr 42.195m já basta, é km demais pro ser humano (pois já consegui completar uma), mas continuamos insistindo e buscando superar desafios, pois isso nos move!

    Abração Loivos (e não esquece os detalhes da Pampulha).

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  3. Parabéns, grande Jarbas, pelo exemplo de superação!! Loivos, ao ler este post, tive uma aula de objetividade. Então, pode separar o espaço para o meu relato!!! Fuiiiii... treinar na chuva.....

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