Esse Blog teve seu início no dia 08 de junho de 2010 e seu post final foi publicado no dia 14 de julho de 2013, quando o objetivo da Maratona foi alcançado.
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domingo, 15 de setembro de 2013

Quer mudar sua vida, corra uma maratona.


Em princípio não percebi, mas passados alguns meses, reconheço que ter corrido uma Maratona me modificou.

Cheguei a desdenhar de Zatopek com sua frase antológica: quer correr, corra uma milha. Quer mudar a sua vida, corra uma Maratona.

Mas, hoje, sinto que conquistei uma serenidade que desconhecia e devo isso ao fato de ter enfrentado os tais 42km!

Nitidamente, adquiri uma nova forma de ver as coisas. Você pode pensar que me tornei um indivíduo aguerrido ou impetuoso. Mas não: ao contrário. Hoje sei o poder da paciência e, principalmente, da perseverança.

Apreendi uma nova forma de agir, distinta do meu quase onipresente imediatismo patológico. Percebi que não preciso ser o melhor ou chegar antes de todos, mas apenas garantir consistência e regularidade. Que, respeitar meu próprio ritmo é fundamental, desde que eu me mantenha em movimento e, aqui está a grande revelação, rumo à minha meta; rumo a uma meta! Seguindo sempre de olhos nela, sem deixar de apreciar cada detalhe da paisagem que surge durante os longos percursos - e isso não é necessariamente uma metáfora.

Estou totalmente Maratonado e isso é bom. Digo ainda que essa é uma reforma definitiva, pois não surgiu na euforia do pós prova. Me percebi melhor, mais calmo e menos ansioso. Não estou dizendo para substituírem a Ritalina por uma Maratona. Também não estou fazendo apologia à corrida. Mas devo isso à ela - essa reflexão; esse registro. Devo isso à Maratona por ter garantido minha oportuna transformação.

Um grande Abraço.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

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domingo, 14 de julho de 2013

Maratona: última parada.

Dia 07 de julho de 2013.
Era chegado o dia da prova.
Desejava um clima fresco, mas reservaram pra um dia quente, de sol e sem nuvens. Então seria assim: a primeira Maratona teria sabor de Maratona.

Cheguei ao local da largada com 40 minutos de antecedência. Naquela hora, meu pensamento já estava impreciso e todas as estratégias que tracei, juntamente com os conselhos que recebi, desapareceram. Havia apenas um sentimento perseverante: medo (do calor, das subidas, da distância).

Iniciei a prova sem a noção de como deveria me comportar. Uma página em branco a ser preenchida e, mesmo com todos os treinamentos feitos, esqueci por onde começar.

Os cinco quilômetros iniciais foram de reordenação do meu corpo e mente. Entrei no quilômetro cinco ainda desorganizado e indócil. Ao mesmo tempo que o calor crescente me mantinha conservador, eu me inquietava com os segundos que ia perdendo a cada quilômetro. É obvio que sempre tive um desejo de superar meus tempos durante a Maratona, a exemplo do que fiz em outras provas. Mas, iniciada aquela peleja, desconfiei que não poderia colocá-la na mesma prateleira das demais.

Decidi por seguir num ritmo confortável, sem fazer esforço. Ao meu redor, Marcelo Kawano (Atacama) e Renato davam as caras vez por outra - seguindo num pace semelhante.

O medo desapareceu quando realizei que seria impossível consumar a Maratona idealizada e que o pace praticado em treinos não caberia naquelas condições climáticas. Naquele instante, parei de travar batalhas com o sol e segui de acordo com o que cabia em meus pulmões. No quilômetro 8, relaxei. Um alívio me invadiu, sorri. Percebi que, daquela maneira, conseguiria vencer a prova.

Prossegui com a certeza de estar com a estratégia certa nas mãos e resisti às tentações de mudar meu ritmo. Embora eu sentisse que poderia apertar o pace, só iria decidir pela mudança de ritmo no quilômetro 30.

Considero ter ultrapassado as subidas do quilômetros 23 e 28 com tranquilidade. Atenuava o calor de mais de 30 graus a cada posto de hidratação em que eu bebia 100 ml d'água, jogando 300 ml para no corpo. 
Entre os quilômetros 28 e 29, talvez tenha vivido o melhor momento da prova. A organização nos fez correr ao som de música clássica; o som de violinos preenchia toda a extensão do túnel São Conrado.

Descendo o Vidigal
Entrando no Leblon
A subida na Niemeyer foi um momento definitivo na corrida. Ao redor, muitos quebravam: andavam ou alongavam as panturrilhas enquanto eu seguia inteiro. A entrada no Leblon foi outro momento marcante, por estar saindo com velocidade da descida do Vidigal e encontrar uma concentração popular que aplaudia cada atleta que por ali chegava. Entrava nos últimos 12 km cheio de disposição. Acelerei levemente o pace. Ao redor, muitos corredores ficavam para trás, sofriam com câimbras, outros eram conduzidos pelas ambulâncias em direção ao posto médico.

Eu e Júlia - Copacabana
Ultrapassada a praia de Ipanema, em Copacabana ganhei um gás extra. Faltavam apenas 5 quilômetros e à frente, minha família me esperava no caminho e pude correr alguns metros ao lado de minha filha. Entrei nos quilômetros finais renovado e com energia para um sprint nos últimos 700 mt. Venci os 42.195 mt sentindo que poderia correr mais 10 km.

Não concluí minha Maratona em menos de 4h. Também não consegui manter meu plano inicial de 4h e 15 min. Mas venci! E terminei inteiro! Sei que poderia ter dado mais, mas só percebi isso após a conclusão da prova.

Sprint final
Não tive muros em meu caminho; não tive ursos subindo em minhas costas; depois do quilômetro 8, em nenhum momento achei que não conseguiria terminar; também não pensei em desistir. De repente, a maratona tornou-se algo tangível e hoje a tenho na palma das minhas mãos. Não houve grandes dramas e, por isso, embora muito feliz, não estou eufórico.
Linha de chegada

A distância foi concluída em 4h37min48seg. Sou, enfim, um Maratonista. Mas ainda sou um sedentário que luta, dia após dia, para manter-se em atividade.

Chego ao fim dessa caminhada e considero ter saído vitorioso e fortalecido. Foram três anos lapidando um indivíduo resistente e confiante - um tolo que descobriu que, adotando uma estratégia correta, definitivamente, não tem limites.

Um grande abraço e um eterno agradecimento a todos que contribuíram com essa conquista:

Minha querida esposa Karine: pela paciência em me aguentar e por ter tolerado minha ausência durante os treinos.
Minha filhota: simplesmente por existir na minha vida.
Meus pais, minha irmã e meus amigos Apicianos;
meu coach Rodrigo (Ápice) e Cláudio (Ápice): sem vocês eu não iria tão longe;
à Tatiana e Fernando (449 - nutrição) e tantas outras pessoas e amigos que estiveram a meu lado durante esses 3 anos.

Que venham outros desafios.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Prelúdio para uma Maratona. 2a. Parte

Começamos a correr uma Maratona quando a escolhemos.

Quando decidi enfrentar uma Maratona, preferi escolher provas do primeiro semestre do ano. Os motivos eram simples. Em primeiro lugar, o clima em Brasília (onde moro), no segundo semestre castiga qualquer um. A baixa humidade e o calor são uma tortura e treinar sob essas condições não parecia uma opção auspiciosa.

Em segundo lugar, queria virar de vez essa página. Simples assim.  Não queria adiar mais o cumprimento dessa meta. 

Dentre as opções, a Maratona do Rio de Janeiro nem foi cogitada. Li certa vez sobre como o calor torna movimentado o posto médico na prova do Rio. No ano seguinte a essa reportagem, o Rio abrigou uma Maratona fresca e chuvosa. Essa imprevisibilidade nunca me agradou. Por isso, Porto Alegre foi a escolhida - fria, plana e aconteceria no dia 09 maio.

Mas contingências diversas me empurraram para o Rio de Janeiro e meus medos tornaram-se realidade.

Desci na capital carioca no dia 06 de junho, dezoito horas antes da corrida: num sábado ensolarado e sem nuvens. Na retirada do kit, experimentei, enquanto estive na fila, um sol nada amistoso. Que calor era aquele!? e que fila!!!! Ponto negativo para organização.

A previsão para o dia da prova também era de sol. E agora? Qual estratégia deveria usar?

Na revista distribuída pela organização havia algumas dicas.
- Correr a prova inteira num mesmo ritmo: Definitivamente, isso não é pra mim.
- Correr a segunda metade mais rápido que a primeira. Quem me dera! rsss...
Considerando que o calor iria aumentar, seria improvável manter ou melhorar meu ritmo com condições progressivamente adversas.

Minha decisão foi seguir de acordo com a minha sensação de esforço. Mas entendam: me manteria num pace em que eu não fizesse esforço. Deveria tentar curtir a prova; terminar com sobra; buscar concluir os 42 km com vontade de repetir a dose - todos conselhos recebidos na véspera.

E assim seria! Ou pelo menos esse era o plano traçado.

Um grande abraço e até o relato da prova.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo




  

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Prelúdio para uma Maratona. 1a. Parte.

Desde que decidi começar a correr, completar uma Maratona tornou-se meu objetivo máximo. Era uma meta emblemática, que serviria para coroar o fim do meu sedentarismo. Essa escolha foi feita, em parte, por pura ignorância. Como nunca havia corrido meros cinco quilômetros, não tinha noção do que seria correr 42.195 mt. Mas, meta escolhida, não me permiti mudanças de rumos e decidi ir até o fim.

O início de tudo, foi há 3 anos. Durante os primeiros seis meses, me aventurei pelas ruas por conta própria. Cheguei a fazer treinos de 10 km, mas participei apenas de provas com distâncias menores. Dentre elas, meu melhor desempenho veio com uma corrida de 5km, em que terminei em 26 minutos.

Em 2011, entrei na Ápice (Assessoria Esportiva). Minha meta para aquele ano era a Volta da Pampulha. Além da corrida mineira, também corri minha primeira meia maratona com um desempenho que considerei bom. Naquela época, comecei a compreender como seria se eu decidisse enfrentar uma Maratona e vi o quão ambicioso havia sido escolher 42 km como meta.

Enfim, como disse antes: mudanças de rumos não eram permitidas.

O ano de 2012 iniciou bem com a Volta da Ilha. De resto, foi uma negação. Treinei o ano inteiro querendo estar preparado para diversas meias maratonas. Acabei não correndo nenhuma, tive uma séria lesão lombar e enchi o saco de tanto treino. Iniciei o novo ano quase cinco quilos mais pesado e me arrastando pelas ruas. O corredor de 2011 havia virado poeira. Dessa maneira, 2013 tornou-se um ano de recomeço. Mas também passou a ser o ano em que decidi finalmente encarar o projeto dos 42 quilômetros.

E assim foi a história escrita, entre os dias  08 de junho de 2010 e o dia 07 de julho de 2013. Esse é o relato abreviado dos três anos de um ex sedentário, saído do sofá, rumo a um desafio físico ambicioso.

Um grande abraço a todos e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ansiedade!


Não costumo fazer posts curtos, mas penso que esse será uma exceção. 

Hoje é dia 04 de julho e o site da Maratona do Rio traz: Faltam 2 dias 06 h 51 minutos.

Esta tem sido uma semana sui generis. A ansiedade se apoderou de todo meu corpo. Venho tendo sensações completamente novas: dores onde nunca havia sentido; uma queimação na ponta do pé direito; um repuxar na panturrilha esquerda; fisgadas eventuais nos joelhos. Mas o principal é o vazio que tenho no estômago. Não estou falando de fome. Meu estômago está experimentando aquele famoso "frio". 

Pois é! Enquanto os experts aconselham dormir cedo todos os dias, a cabeça não consegue desligar antes da uma da manhã. Nos treinos, as pernas estão abobalhadas tornando a corrida menos fluida. Sei que é pura ansiedade. Racionalizo ao máximo, ordenando meus sentimentos, mas, nessa semana, sinto que sou só emoção.

Acho que não tenho muita escolha, senão experimentar cada momento desses dias pré prova. Na tentativa de não esquecê-los, cá estou eu registrando-os. E foi só pra isso que eu decidi passar por aqui (no Blog). 

Em breve estaremos por aqui novamente.
Um grande abraço e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Me livrei do fardo dos 32 km.

Preciso confessar: fiquei com os últimos 32 km entalados na garganta.

Passei as duas semanas que seguiram àquele treino carregando seu fracasso nas costas (leia aqui o post anterior). Depois dele, corri um longo de 16 km (tranquilíssimo) e o último dos longões antes da maratona seria de 30km. Hummmm (pensei) vou desobedecer a planilha e correr 32km. Depois, vou esfregar na minha cara que sou capaz.  Decidido. Aquela era a oportunidade de me redimir e precisava ir para a maratona com um sentimento positivo.

Faria o treino só. Sentiria meu ritmo, respeitaria meus limites... essas coisas que lemos nas frases de auto ajuda para corredores de longas distância.

Trajeto escolhido, lá fui eu. Inclusive, sobre o percurso, só um detalhe bobo, descobri que gosto de iniciar a corrida num lugar e terminar em outro. Não gosto de ir e voltar ao ponto inicial. Da outra forma, experimento paisagens novas e não percebo tanto a distância que percorro; assim, vou seguindo. E assim eu fui. Seguindo; num ritmo incomum (no bom sentido) durante 28 km. Terminaria os 30 km com menos de 3h. Mas eu queria 32km e ainda faltavam 4 km.

Decidi diminuir o ritmo para descansar. Acho que nunca havia feito isso conscientemente. Normalmente, quando diminuo o ritmo, é porque meu corpo não rende mais. Naquele momento do treino, precisei dominar o ímpeto de querer melhorar meu tempo. Era preciso terminar inteiro. Embora eu sentisse que meu corpo poderia continuar seguindo a 5:48 de pace, subi para 6:15/km. Ainda assim, completei os 30km dentro das 3h (algo como 2h, 59 min e 49 segundos, rssss).

Após os 30 km, realizei que, naquela manhã, eu havia desconstruído por inteiro a frustração vivida com os 32 km. Seguia confiante rumo ao final do treino. Quando cheguei aos 30,7 km, percebi que não precisava mais me desgastar e tirei o peso dos 32 km de cima das minhas costas.  E assim foi!

O último longão antes da maratona, de 30,7 km, não poderia ter sido melhor. Agora é contagem regressiva. O site da prova traz: faltam 12 dias, 12 horas e 30 minutinhos. Estou ansiosíssimo!!!!!!!

Um grande abraço a todos e até qualquer hora.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo




segunda-feira, 10 de junho de 2013

32 km - o maior (e o pior) dos longos, antes da maratona.

Esse deveria ser um post festivo. Um post onde eu comemoraria ter completado com sucesso mais um longo: o maior deles, antes da maratona do Rio, de 32 km. Enquanto corria sua primeira metade, cheguei a pensar em como iniciaria o texto. Mas lá pelo quilômetro 22, as coisas foram mudando de figura. No quilômetro 27, eu não queria mais saber de festa e só pensava em terminar aquele suplício!

Era dia da Volta do Lago - 100 km ao redor do Lago Paranoá, em Brasília. Já registrei nesse Blog meu desejo em participar dessa prova para correr 33 km, num trio de revezamento. Assim, decidi treinar junto com os competidores. Não correria na Pipoca, pois não iria usufruir da estrutura. A idéia era apenas me motivar com o movimento de atletas, e cumprir um percurso próximo àquele que desejava. Helena, da Ápice, topou vir junto e fez toda a diferença.

Lá estávamos nós. O dia ainda amanhecendo, às 6:15 da matina. Largamos cinco minutos depois, em meio a poucos competidores. O trecho inicial, de 9 km, era uma suave descida e foi excelente. Entre o nono e o décimo quarto quilômetro cruzamos trechos de terra batida, lama, e um mato alto com um "acolhedor" cheiro de carniça. Mesmo com os trechos de Cross Country, completamos os primeiros 21km mantendo um pace médio de 5:59 minutos o quilômetro. Me sentia bem, mas as pernas começavam a pesar. A partir dali, o pace subiria de forma irreversível. Até o quilômetro 27, consegui mantê-lo em torno de 6:22. Do quilômetro 27 ao 32, me arrastei! Ao final, completei os 32 km com pace médio de 6:20 min/km.

Terminei o longo imprestável. Minhas pernas estavam extenuadas. Antes, vencer um longo, me deixava confiante. Dessa vez, e diferente de qualquer outro treino, saí fragilizado. Entendam, não estou dizendo que perdi a confiança. Apenas tive a clareza do quão forte é o poder do corpo sobre a mente. O corpo conduziu minha mente a pensamentos que beiravam o existencialismo. rsss. Voltei pra casa introspectivo e, de alguma forma, modificado. Nem mais forte, nem mais fraco; apenas modificado!

Nunca havia sentido tanto cansaço muscular, como dessa vez. Ao contrário! Após todos os outros longos, seguia minha vida normalmente - sem uma dor sequer.

Tanto esgotamento foi resultado de uma musculação feita, no dia anterior ao treino, com pressa e fugindo às orientações. Eu, que pouco vou à academia, caí na asneira de, um dia antes do longo, malhar forte e passei o dia sentindo dores nas pernas e braços. O resultado está aí! Paciência!

E vamos que vamos.
Ah! Helena, valeu demais!!!!

Grande abraço e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

Antes do longo. Olhando agora,
eu já estava com a cara ruim.
P.S. pro diabinho que mora em minha cabeça e que está rindo de mim, segue uma frase incidental:
E se vc achar que estou derrotado, saiba que ainda estão rolando os dados, porque treino é treino e jogo é jogo. rssssss.....

quarta-feira, 29 de maio de 2013

"Reta Final" para Maratona!

Sempre que tenho dúvidas sobre algo, peço ajuda a alguém de fora; que desconheça o contexto no qual estou inserido.

Morro dois irmãos. Início da praia do Leblon
(faltarão 12 km para o fim)
Penso que qualquer situação, quando olhada de fora, com o frescor de quem está imune aos contaminantes internos, recebe uma análise que merece ser considerada. A partir disso, cabe a nós, ter coragem de aceitar as opiniões que divergem do que pensamos.

Para as pessoas de fora, estou vivendo o epílogo; o remate; a conclusão de um processo. Embora faltem menos de quarenta dias para a maratona, afasto essa idéia de meus pensamentos. Mas, após o treino desse final de semana, recebi um email do Rodrigo (Treinador da Ápice) em que, após saber do resultado do longo, escreveu "que ótimo a reta final dessa preparação!". Reta Final! Parece um diagnóstico definitivo! 

E cá estou eu: firme! No que dizem ser 'a reta final', vencendo distâncias cada vez maiores, a cada novo treino.

Nesse final de semana, enfrentei o maior deles, até agora; com trinta quilômetros. 

Posso dizer que o treino começou com um email recebido por Cláudio (Treinador da Ápice). Ele mandou um convite para dez pessoas - todos que irão para a maratona do Rio, sugerindo um trajeto e combinando um treino coletivo. Eu adoro treinos coletivos, embora eles sejam, em sua maioria, um engodo, pois cada corredor sai no seu ritmo e o coletivo vira uma fila indiana de atletas. Só que dessa vez foi totalmente diferente.  

Dos dez, apareceram cinco. Desses cinco, pelo menos três estavam sofrendo com a solidão dos longões e adoraram a oportunidade de ter companhia. Pra coisa ficar melhor, o pace desses três era parecido. Foi quase uma corrida de comadres. Seguimos por mais de 20 km conversando sobre 'um tudo'. Éramos eu, Thais e Renato. Corremos os primeiros 22 km praticamente juntos. Dali em diante, cada um seguiu o seu ritmo até finalizar os 30 km. Helena e Alberto (o restante do quinteto), nos deixaram comendo poeira. rsss....

Creio que a estratégia de montar bem os longos é fundamental para não darmos um tiro no pé e, treinos como esse, pra mim, são meio caminho andado para o sucesso. Faltando pouco mais de um mês para a maratona, não quero colocar à prova minha capacidade de absorver e superar novas frustrações.

Quanto a estar na "reta final", discordo da maioria, pois ainda faltam 4 semanas de treinos. Nada está fechado; "nossos desenhos" não estão acabados. É preciso seguir com cuidado redobrado; evitando não comprometer o esforço despendido e aproveitando para ganhar mais confiança. E se há uma reta final, não tenho dúvidas, ela terá seu início depois do Morro Dois Irmãos, lá pro quilômetro trinta e dois, no dia 07 de julho. 

Grande abraço e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O que vencer em uma Maratona? A distância ou o Cronômetro?

Em novembro de 2011 fiz uma meia maratona em 1h e 52 minutos. Estava há 15 dias sem treinar e mesmo assim consegui manter um pace de 5:21/km. Em 2012, não fiz nenhuma meia maratona - por problemas diversos. Esse ano (2013) decidi finalmente correr uma maratona. Mas aí eu já era outro corredor. Iniciei os treinos bem acima do peso e recém saído de problemas na coluna; correndo mais lento do que o habitual. Antes, vencer um quilômetro a 5:30 min era tranquilo. Cheguei a completar 10 km abaixo dos 50 minutos. Hoje, meu pace da alegria gira perto de 5:55. 

E aí!?

É natural pensar que eu poderia estar em melhores condições quando decidi correr a maratona - mais leve, mais rápido. Mas, pra que? Num empreendimento como esse, o importante é o tempo ou a distância?? Alguém vai gritar: ambos! Talvez, para esses últimos, a minha escolha devesse ter sido outra. Pensei sobre isso noutro dia. E se eu tivesse aproveitado meu melhor momento físico para iniciar os treinos para maratona? E se? E se?.... 

Independente das diferentes alternativas que se dispunham à minha frente, minha escolha foi feita no momento em que me sentia mais preparado mentalmente; e, ao preterir o físico ao emocional, me despi de qualquer vestígio de autoconfiança surgido nos meus melhores momentos como corredor. Hoje, nos treinos longos, preciso percorrer de forma cautelosa e singular cada quilômetro; estar atento a cada detalhe do meu corpo.  Passo a passo, sigo atento a tudo. 

Na vida, 90% dos problemas diários são como correr distâncias pequenas - são tarefas que não demandam dedicação diferenciada. Nesses casos, conseguimos ser eficientes, embora nos escapem pequenos detalhes que, no final, não fazem grande diferença.

Para tarefas mais complexas, necessitamos de um olhar especializado. É assim que encaro esse preparo para a maratona, me obrigando a exercitar uma análise peculiar, com atenção para cada detalhe. Prefiro, por enquanto, seguir mais lento, porém, atento a tudo. Cada etapa sendo tratada com a importância devida. Cada quilômetro valorizado individualmente. Sigo em meus treinos construindo um corredor mais seguro. Imagino que, depois de completar os meus primeiros 42,195 km, e me familiarize com o desafio, eu pense em buscar tempos menores. Quem sabe!? Mas, por enquanto, a Maratona é um "problema" precisa ser resolvido, com o cuidado de quem não quer errar. E nesse contexto, o tempo que demandarei para solucioná-lo (ou completá-lo), perde sua importância.

Grande abraço e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Corrida da Ponte

Ponte Rio-Niterói. Uma das oito maiores pontes do mundo. Com 13,29 km de extensão, corta a baía de Guanabara unindo a cidade do Rio de Janeiro à fabulosa Niterói - minha cidade natal.

Inaugurada em 1974, a ponte foi cenário da primeira edição dessa corrida em 1981. No início dos anos 90 a prova foi suspensa, voltando à cena em 2011.

Posso dizer que sou familiarizado com a ponte. Como disse, sou de Niterói e, embora more em Brasília há trocentos anos, minhas férias sempre passavam por lá. Talvez, por esse motivo, eu tenha acompanhado cada uma de suas reedições (a partir de 2011). E, depois de pequenos ajustes em sua organização (mudança de mês e do horário de início - em razão da temperatura), decidi enfrentar seus 21.6 km. 

Vão Central
A prova foi no dia 19 de maio. Era um final de semana de planilha recuperativa com um longo de apenas 18 km. Perfeito! Voltaria à Niterói, veria bons amigos e, de lambuja, faria um treino com estilo. 

A prova não me preocupava. Talvez o percurso até o vão central, por ser uma subida, causasse alguma apreensão. Mas cheguei tranquilo à Niterói. Mais do que isso. Voltar à terrinha me provocou uma miríade de bons sentimentos. Além de poder estar com amigos queridos, rever a praia de Icaraí, por exemplo, não me trouxe memórias de minha infância, mas me preencheu de felicidade, como se aquela paisagem me abraçasse. Me sentia em casa. 

Iria buscar o kit no Shopping Plaza no sábado. Naquele dia, saí da praia de São Francisco, num trote leve, me alimentando com cada detalhe da orla de Niterói. Seriam 8 quilômetros até meu destino. Passada a estrada Fróes, cheguei à praia de Icaraí. Foi lá, há 3 anos, que encontrei Gugu (primo maratonista) durante seu treino matinal. Foi ali que tudo começou. Foi naquele ponto que decidi começar a correr**. Continuei meu trote e passei por dois corredores que finalizavam seu treino com uma caminhada. 

Guilherme??? 

Eu, Gugu e Antônio Ricardo
Opa! Esse é meu nome! Virei e lá estava, novamente, José Augusto (Gugu). Ele era um dos corredores por quem passei. Coincidência? Não acredito nisso! Era pra nos encontrarmos. Festejamos, tiramos fotos, combinamos um local para um possível jantar (que não foi possível operacionalizar) e continuei meu caminho. Niterói, mais uma vez, me abraçava. Segui feliz pela orla, rodeado por conterrâneos e procurando inutilmente rostos conhecidos. 

Chegando ao Shopping Plaza, retirei o kit e voltei para descansar. No dia seguinte estaria às 7:00h, em frente à estátua do Araribóia, para encontrar Gugu e sua trupe de corredores. Largaríamos juntos!

Eu e Gugu antes da largada.
A prova: Mole! hahaha... Brincadeirinha, mas achei, sinceramente, mais fácil do que tudo que construí mentalmente na véspera. O vão central..., não ofende ninguém! A subida é gradual e é possível manter um pace razoável. Além disso, depois dele, é só descida. Quer dizer, "só descida" é modo de falar, mas não tem outras subidas muito íngremes. Após dar esse mesmo parecer para Gugu e seus amigos corredores, todos foram unânimes em dizer: você deu sorte com o clima!

De fato, choveu na sexta e no sábado. Embora o domingo tenha amanhecido com tempo bom, estava fresco. Além disso, ao chegarmos à perimetral (oceano de concreto), o tempo nublou. Com solão, provavelmente eu não teria dado o mesmo testemunho. Enfim, mais um presente recebido. 

Jorge, o Maratonista.
Terminei os 21.6 km em 2h 02 min. Já fui mais rápido, mas também já fui mais lento. Assim, fiquei satisfeito. 

Mais sobre a prova:
- Largada: meio confusa, mas nada comprometedor!
- Pontos de hidratação: muitos! excelente!
- No Geral: Muito bem organizada. Comecei e terminei entre pessoas com pace semelhante ao meu (todos identificados com pulseiras coloridas).

Curiosidades: Corri com Wolverine, Darth Vader, Homem Aranha, Homen de Ferro, Capitão América (retardatário, inclusive) e Roberto Carlos (o cantor; de microfone e tudo). Ah! e ainda encontrei com Jorge (o maratonista - dono de um dos blogs que sigo).

Sobre o "temido" vão central (mais uma vez): não ofende ninguém! rssss...

Um grande abraço a todos e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Estratégias.

Vou deixar Nietzsche iniciar o post de hoje. 

Aquilo que não me mata, só me fortalece.

Adoro essa frase. Acredito na verdade que ela carrega, mas afirmo que nem sempre consigo racionalizar minhas derrotas e me forjar mais resistente. Em relação à maratona, acho que me tornarei mais forte quando conseguir vencê-la. Até lá, vivo altos e baixos. Há um mês estava ótimo! Depois despenquei. Finalmente, senti uma oportunidade de me reerguer após meu último treino longo, de vinte e seis quilômetros.    

Ontem era o dia de um longão de vinte e oito quilômetros. Inicialmente ajustei o percurso que criei para os 26 e me preparei para uma corrida difícil. Mas, na noite anterior, Alexandre (amigo que também corre) me mandou uma mensagem em que contava onde pretendia correr no dia seguinte. 

Seria uma mudança de planos interessante. Alexandre faria um percurso semelhante ao da Meia Maratona Golden Four - uma das minhas boas memórias como corredor. Seria bom reviver parte daquele trajeto. Então, reformulei completamente meu percurso. Se desse, nos encontraríamos no meio do caminho e correríamos juntos por uns 6 km (o que não aconteceu). 

Parada para foto. Torre de TV.
No novo percurso, começaria com 9 km de uma subida leve, seguidos pelo reencontro com sete quilômetros da Golden Four - de uma descida em meio aos principais monumentos de Brasília. Depois deveria apenas administrar os doze quilômetros finais (que terminariam em uma 'subida ingrata').  

Eram seis e vinte da manhã quando comecei. O tempo estava frio; do jeito que gosto. Venci a subida inicial com tranquilidade e fui para a próxima etapa me sentindo inteiro. Desci seus sete quilômetros aproveitando o frescor da manhã que ainda persistia, apesar do céu limpo da capital. Terminada a descida Golden Four, faltavam os doze quilômetros finais. No meio do caminho, enchendo a rua, encontrei uma horda de corredores que participava da "corrida das pontes". Corri com eles! Mas não lado a lado; fui na contra mão. Cruzar com toda aquela gente, seguindo no sentido contrário, aumentava a sensação de velocidade e minha motivação! 

Parada para foto. Congresso nacional.
Senti uma queda de ritmo apenas no quilômetro vinte e três. À frente, 4 km da tal 'subida ingrata'. Faca entre os dentes? Que nada! Segui quase numa marcha atlética! Mesmo assim, cumpri a distância com um tempo 5 minutos abaixo daquele que gastei pra correr os 26 na semana passada. 

Estou felicíssimo! Treinos como o de ontem me fortalecem e tornam-se fundamentais para me manter confiante. Nessa altura do preparo para maratona, ter escolhido um percurso familiar e onde fui bem sucedido em outros tempos, foi uma estratégia acertada e que pretendo repetir. 

Agora faltam menos de dois meses, e espero continuar acertando em minhas escolhas.

Darei notícias.
Grande abraço e até a próxima!

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo 


terça-feira, 7 de maio de 2013

Reassumindo o controle!


"São tantas emoções!!" Mais do que emoções, são tantas variáveis!!! E correr uma maratona parece envolver o controle de um sem número delas. 

e aí? Vai encarar??
Desde que iniciei meus treinos para maratona,  cheguei aos 26 km com certa facilidade, o que me fez pensar que seria tranquilo completar os 42. Nada disso! Antes de chegar aos 28 km, afundei! Uma sinusite daquelas, seguida de uma lesão lombar, doença de filho, demandas familiares e monografia de final de curso (TCC). Quando olhei para trás, já tinha se passado um mês dos bem sucedidos 26 km. Nesse meio tempo, corri menos, completando um treino longo de 19km, um de 15 (em que corri 13) e um de 22 km, que foi um fracasso.

Ao que parece, a maratona já começou a fazer jus à sua fama de difícil. 

Tantas intercorrências poderiam me fazer questionar se esse objetivo é uma meta viável no atual momento da minha vida. Mas não! Tudo isso mais me parece uma provocação. Como se a vida, sarcasticamente, zombasse de minhas intenções e, com um sorriso de escárnio, perguntasse: e aí!? Vai encarar?? 

Nessa semana, a vida voltou a me provocar. Deveria correr aqueles mesmos 26 km (só que em meu último longo corri 13km). No domingo, dia em que costumo correr os longos, estaria viajando. Planejei, então, corrê-lo na quinta, só que gripei! Gripei bem!! Na quinta, dia eleito para o treino, estava imprestável. E aí!? Vai encarar?? rsss... Lá vinha aquele sorriso de deboche. 

Decidi deixar que a provocação continuasse e me fiz de vencido. Dentre as opções que eu tinha, escolhi um recuo estratégico. Não corri no dia planejado e deitei às 20:30h. Em minha mente, apenas o som daquele riso irônico. Na manhã seguinte, depois de quase 12 horas de repouso, acordei melhor, viajei e tracei minhas metas para o domingo à tarde. 

Regressei à Brasília  mais cedo que o previsto; por volta das 13:30h. Às 16:30h, ganhei as ruas. Foram 26 km corridos com todo o cuidado; num treino em que eu não poderia fracassar. Mais importante que o pace, era completar a distância. E assim eu fiz. Sem pressa e com uma corrida calculada, venci cada metro buscando me manter inteiro para o próximo quilômetro. Concluí a distância 10 minutos além do previsto, mas recuperei minha auto confiança. No fim, quem sorriu pra vida fui eu!

Um grande abraço e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Máquina de movimento perpétuo

Moto Contínuo ou Máquina de movimento perpétuo.
Denominações distintas para uma máquina hipotética que não perde energia em seu movimento e, dessa maneira, após começar a se mexer, não para mais.
Alguns já perceberam onde quero chegar. Pra quem não pescou a idéia, vamos ao meu devaneio.

Acredito que é possível correr em moto contínuo. Acho sinceramente que existe uma técnica, num ritmo próprio, em que um indivíduo poderia funcionar como uma máquina de movimento perpétuo. Tirando o exagero do pensamento, quero dizer que existe um modo em que nos desgastamos o menos possível, sem perder velocidade e que se relaciona com o tipo de pisada, com a elevação das pernas, a amplitude  e frequência das passadas.

Sempre me interessei por esse assunto. De tudo relacionado à corrida, a postura, a pisada, frequência e amplitude das passadas sempre me provocaram mais interesse.

Comecei a ficar invocado com isso há uns dois anos, quando encontrei Marquinho no parque. Ele é personal e iria correr 6 km com um de seus alunos. Sua imagem é de um senhor grisalho, com uns 55 anos. Sua corrida é econômica, com passadas curtas. Conversamos um pouco e ele me convidou para correr junto. Lá fomos nós. Marquinho com seu passinho miúdo em seus 1,62 de altura. Eu, ao lado, achei que seria moleza acompanhar aquele ritmo, do alto de meus 1,85 mt. Marquinho e seu aluno conversavam como duas mulheres, após uma festa de casamento. Eu, enquanto isso, mal respirava direito!

Voltei a pensar nesse assunto durante a leitura do "Nascido para Correr". O livro é excelente, mas tem um ditado que o explica bem: quando o único instrumento que você tem é um martelo, todo problema que aparece você trata como sendo prego. E McDougall é meio martelo, vendo prego em tudo quanto é coisa; tudo pra ele é fruto ou causado pela corrida. Mas o livro tem muitos méritos. Ele, por exemplo, trata muito convincentemente a questão do "Barrefoot Run"- a corrida descalça. Também me instigou  quando ele abordou técnicas de corrida.

Desde então, sempre me atrai o olhar um corredor de passadas curtas. Foi assim quando cruzava os 6 km da praia de Moçambique, na volta à ilha. Enquanto me esfalfava para manter um pace de 5 min, uma mulher me passou, com passos curtos e ritmados. Em seu semblante, uma tranquilidade ímpar, de quem não fazia esforço algum. Brabo!

Essa semana havia um senhor, de uns 54 anos, com uma mochila de hidratação correndo na pista do parque. A mochila me remetia a um treino longo. Sua técnica era tosca. Uma alternância bem curta de passadas e com uma postura de braços fora do comum - quase alinhados com o tronco. Mas, seu pace girava abaixo dos 5:30 (fácil). Apesar da corrida feia, ali estava uma máquina de movimento perpétuo que passou por mim com tranquilidade e foi embora.

Durante meus treinos, busco replicar os movimentos desses tantos corredores que vi por aí. Tento achar um ponto em que a corrida flua. Busco uma passada específica, um ritmo; associo com movimentos dos braços. Acho que acerto, mas logo me perco e a coisa não se solidifica. Mas continuo! Sempre na busca por essa fórmula - como um eldorado particular -; em busca de uma corrida otimizada e fluida!

E vamos que vamos.
Grande abraço e até a próxima

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Levei um "toco"do longo!

Jarbas (confrade Apiciano) dia desses, filosofando sobre maratonas, escreveu pra mim: "Tanto nos treinos quanto no dia da corrida, você vai ter altos e baixos. Faz parte. Muita calma para não se empolgar demais com o momento bom, nem se afundar quando as coisas não estiverem boas."

Pensar sobre isso, leva meus pensamentos longe. Também serve pra acalmar minha ansiedade. O fato é que o longo de hoje foi um caos. Foram 22 km - distância que vinha vencendo em pouco mais de 2h. Hoje mal consegui completar dignamente 14 km. Embora tenha conseguido completar a distância proposta, precisei andar muito! Já no quilômetro 8, senti que seria uma corrida dura. 

Arranjei desculpas variadas: o calor da segunda metade do treino (iniciei o treinamento 2 horas depois do horário habitual); o percurso (com subidas e descidas); a lesão lombar (que me incomodou nos dois quilômetros finais). Mas o que me consolou foram as palavras de Jarbas. Mais do que pensar: tem dia bom e tem dia ruim, Jarbas me levou além. Me impactou especialmente a parte que dizia que não podemos nos iludir com dias bons ou nos deprimir nos dias ruins. Dessa maneira, acima de tudo, precisamos conhecer nosso potencial e nossas limitações. 

Assim tento me consolar - olhando pra trás e comparando os antigos treinos com o fracasso de hoje. Reconhecendo que duas semanas sem treinos (foram 15 dias entre uma sinusite e uma lesão lombar) não poderiam passar impunemente sobre meu desempenho. Mas, é claro, que, apesar de toda a racionalização, minha segurança também não passou impune pelo fracasso de hoje. 

Agora é buscar melhores momentos.

Um grande abraço.

Luiz Guilherme Loivos


sábado, 13 de abril de 2013

De Porto Alegre para o Rio de Janeiro.

Não correrei mais a Maratona de Porto Alegre.

Infelizmente ocorreu um problema no cronograma familiar. O fato é que, com a nova data da maratona (alterada em razão da Copa do Mundo), a família toda estaria ausente e desse jeito eu não quero. Vamos pro Rio de Janeiro (7 de julho). A mudança transfere em 21 dias meus 42 km. Num primeiro momento, fiquei chateado. Mas aí veio a sinusite. Ops!   Sim, uma sinusite que me derrubou. A voz sumiu e as noites foram interrompidas por tosse e mais tosse. A coisa ficou realmente feia. Não treinei nada e o longo de 28 km do final de semana teria que esperar, para que eu pudesse me recuperar melhor (palavras do Médico).  

No domingo, estava quase novo. Rodrigo (Coach) reprogramou minhas planilhas para a nova data e ainda me presenteou com uma semana recuperativa. Estaria de volta às ruas. Mas na segunda, havia uma meia suja no meio do caminho. Uma meia inofensiva, no chão do quarto, que deveria ir para o cesto de roupa suja. Capturei-a entre os dedos do pé e a trouxe até a mão. Movimento simples. Mas, junto com a meia, veio também a 'ferroada' na lombar. Putz...! Conhecia aquela dor. Conhecia suas consequências. Seria no mínimo mais uma semana longe das ruas. 

Passei a semana sob relaxantes musculares e muito alongamento (esse último foi fundamental). A coisa foi melhorando e hoje, sábado, finalmente me sinto bem. Amanhã terá longo. Vou me arriscar! Não os 28 km de antes; afinal, é uma semana recuperativa, lembra!? Serão apenas 20 ou 22 km.

Estou com saudades de correr longas distâncias. No final das contas, a mudança para o Rio foi providencial. Estou ansioso.

Abraço a todos e até a próxima. 

Luiz Guilherme Loivos


segunda-feira, 11 de março de 2013

A semana em que o ´'Chorão*' morreu!









Matei o chorão.
Pelo menos acho que sim.

O matei antes de encarar os 24 km desse final de semana.
Cansei de me queixar da falta de motivação.

O fim dos lamentos ocorreu junto com uma descoberta: estou gostando de fazer treinos longos. De toda a planilha, o mais duro tem sido sair às ruas para cumprir 8 ou 10km.  O ponto alto é o domingo. Semana passada foram 22km e nesse final de semana, somaram-se mais 2 km.

Acordo sem auxílio do despertador (assessório indispensável em meu dia a dia); visto o cinto de hidratação; embolso os géis de carboidrato e saio para enfrentar o percurso que desenhei na véspera, com auxílio do Google Earth.

Estranhamente a corrida flui lá pelo quilômetro 6. Parece que acho o ritmo correto da passada. Sigo impassível, embora me permita pequenos pit stops para recarregar as garrafinhas de hidratação, usar banheiros ou mesmo para a ingestão do gel. A propósito, o gel tem se tornado um capítulo à parte.
Adoro o Accel, mas está muito caro. Tenho buscado opções mais em conta, mas ainda não encontrei um gel que não me cause náuseas - tenho sofrido com a ingestão daquela graxa doce. Mas sigo! Sigo sem abusar dessas pequenas interrupções e sem culpa por ter parado.

O maior suplício tem sido os quilômetros finais, pois são em subida, tem muitos carros e muitas ruas para atravessar. Além disso, em sua maior parte, tenho que correr em grama irregular. São quilômetros em que o pace sobe uma barbaridade e em que eu me arrasto, literalmente. Hoje, terminei esgotado - extenuado por esses últimos 2000 metros. Quanto aos outros 22, os devorei sem cerimônia.

Feliz da vida, me despeço com o tradicional abraço.
Até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos


*Chorão - Vocalista da Banda Charlie Brown Jr. foi encontrado morto no dia 6 de março de 2013.

sábado, 2 de março de 2013

Maratona pra que??

Esses dias minha esposa me confidenciou que acha que estou com algum tipo de distúrbio de humor.
Não sei o que significa isso, exatamente. Mas desconfio que estou mais chato do que o habitual.

O fato é que minha motivação para Porto Alegre oscila a exemplo do meu humor - vem e vai. Nesse momento, estou esperando ela voltar. Ela foi e não deu mais as caras. Fiz a meia maratona e só consegui treinar 4 dias depois - 8 km. A preguiça assume e minha disciplina com os treinos começa a falhar.

Nessas horas tenho uma voz que me enlouquece. "Que mané maratona, rapá!". "A atividade física é o que importa!" "Quer provar o que!?".

Pois é!... Quero provar o que? Essa é a pergunta a ser feita. E pensar enquanto escrevo, me ajuda a desvendar o mistério.

Será que preciso provar alguma coisa, com essa maratona? A resposta é: SIM. Mas por que?

Correr a maratona exige dedicação e disciplina. Também é necessário estratégia e planejamento.

E não sou uma 'pessoa' desvinculada do 'corredor'. Sou um só. Pai; marido; um homem que trabalha e que também corre. Uma pessoa que em alguns momentos foi vencida pela falta de dedicação e disciplina; que abandonou projetos mal sucedidos, sem tê-los experimentado com o devido planejamento ou sem ter adotado estratégias que, certamente, poderiam tê-los viabilizado.

Decidir correr Porto Alegre me trouxe  essa clareza. Me trouxe um sentimento de que, no passado, eu poderia ter feito diferente.

Completar a maratona significará a quebra de um padrão; será vencer um desafio maior que os 42.195 mt. Não quero exorcizar o passado. Me importam projetos futuros. Dominar o fluxo das coisas - estrategicamente; a meu favor. Falo de controlar minha disciplina e aprender a prosseguir com o planejado, por pior que as coisas, em algum momento, possam estar.

É por isso que vou prosseguir.
Quanto à motivação, ela acabou de chegar!

Abraço a todos e até a próxima.
Luiz Guilherme Loivos

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Em ritmo de treino

Corri minha segunda meia maratona.

Há duas semanas, cumprindo os treinos para os 42 km de Porto Alegre, meu longo alcançou 18 km. Naquele momento decidi correr a Meia das Pontes (Brasília). Entre aquele treino e a meia, ainda haveria uma semana recuperativa. Não poderia ser melhor.

É, mas furei minhas planilhas pela primeira vez desde que decidi correr a maratona.
Na semana recuperativa tinha o carnaval e seus feriados e na semana seguinte (antes do final de semana da prova), teria que viajar à trabalho. Grave!

No carnaval, recuperei muito... e não treinei. Festa pra lá, soninho pra cá..., quando vi, já era segunda! Na semana que viajei à trabalho, saí decidido à correr. Cheguei a trotar com um amigo por 6 km, mas não me sentia bem - intestino avariado pela comida estranha e corpo cansado da rotina de trabalho.
Voltei à Brasília na sexta à noite - esgotado.

No sábado, ainda trabalhei pela manhã. À tarde, churrasco. À noite, jantar em comemoração ao aniversário de uma amiga.
Resumo da ópera: comi igual a um doido, o dia todo, e ainda deitei às 2 da matina - a prova seria às 7:30h. aff....

Fui disposto a cumprir os 21 km, mas sem cobrança. Correria maneiro, com celular à tiracolo, pois poderia ter que chamar um taxi. hahahaha....

Não foi necessário. Corri 21,3 km. É verdade que andei aqui e ali. Sem crise!!! Ainda me permiti um pitstop no quilômetro 18 para um xixi básico. Tudo muito light.

Foi uma meia com cara de treino. Concluí com 2h17minutos e feliz! 21km sem olhar pra Garmin, sem me preocupar com pace ou em ser 'Sub' qualquer coisa.

Nessa semana, o longo será de 22km e, daqui em diante, nada menos do que isso em minhas planilhas. Isso mesmo: no mínimo uma meia maratona por semana.
A meia das pontes inaugurou a peleja!

E vamosimbora!

Grande abraço e até a próxima.
Luiz Guilherme Loivos

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

De volta ao começo.

Me sinto um principiante.
Tudo, de repente, parece como antes e tenho que reaprender a correr.
A causa:
Depois de quase 3 meses parado, consegui voltar a correr - na academia.

Sempre odiei esteira, mas, tendo filha pequena, avós viajando, sem babá, em tempo de férias escolares, essa era minha única opção. Cheguei a ir à academia às 22 h pra cumprir planilha. Pra minha felicidade,  colocaram uma TV sobre a bugiganga. Durante 1 mês, adorei treinar assistindo programas diversos e tornei minha atividade física menos monótona. Graças à esteira, consegui voltar a cumprir regularmente minhas planilhas e parei de "faltar treino". Estava me sentindo ótimo com minha regularidade.

Um dia a academia fechou e faltavam 3 km para eu finalizar os 12 da planilha. Nem pensei duas vezes: completei a corrida na rua, debaixo de chuva. Aqueles foram os piores 3 km da minha vida. Experimentei o quanto correr no asfalto é diferente e mais difícil. Desde então, decidi largar a mamata da academia e voltei para as ruas. Durante a preparação para a maratona, correr na esteira, só em último caso.

É, mas não saí impune dessas corridas in door. A soma de três meses parado, com quilos adicionais, e a prática na esteira me fez perder a pouca qualidade da minha passada. Eu, que já era um pangaré, virei uma tartaruga. As corridas na rua adquiriram um grau de dificuldade muito maior do que eu poderia supor. Minha passada tornou-se passiva - parei de empurrar o asfalto. Tragédia!!!

Em 2012 corri 10 km em 49:50min. Esse ano, se termino a mesma distância em menos de 60 minutos, me dou por satisfeito. aff!!!!

Pensei que não seria capaz de me condicionar em tempo para maratona, mas estou recuperando o ritmo! E, depois desse "atraso", cada conquista ganha gosto de 'inédita'; sabor que não experimentava desde os 21 km. Há tempos não vibrava ao vencer distâncias como 14 ou 16 km. Voltei a sentir um frio na barriga, a cada novo longo. Também estou reaprendendo a dormir, pois meu descanso voltou a ser fundamental com o aumento da quilometragem. E o principal: tenho cumprido planilha (direitinho). Não furo nada!! Ano passado, foi o 'samba do crioulo doido'. Em dia de 12km, corria 16. Em dia de 10 regenerativo, me esgoelava durante os 6 primeiros quilômetros e quebrava, sem completar o treino.

Sinto que chegarei lá, apesar do longo e pedregoso caminho que tenho até o dia 9 de junho.
Que venha Porto Alegre.
Darei notícias!!!

Grande abraço a todos e até a próxima.

Luiz Guilherme Loivos

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

La Misión - Uma Autêntica Aventura

Sem mais delongas, é com enorme prazer que tomo emprestado o registro de Marcelo Kawano (também conhecido por Marcelo Atacama, em razão de uma das maratonas que fez) sobre sua última aventura - os 160km da La Misión.
Enjoy.

A La Misión não é uma prova comum; é uma verdadeira aventura! É uma corrida de montanha que acontece na Patagônia Argentina. Neste ano de 2012, na sua 8a edição, ocorreu em Vila La Angostura, entre os dias 12 e 15 de dezembro.
Além do percurso de 160 km e 7500 metros de desnível positivo acumulado, o competidor enfrenta outras adversidades, tais como: o frio extremo, ventos fortíssimo, neve, desgaste físico, redução dos sentidos e terrenos difíceis. O participante ainda deve ser autosuficiente, ou seja, terá que carregar sua mochila com os equipamentos obrigatórios e comida, e administrar suas paradas durante o trajeto, optando pelos locais de dormir, ou não dormir.
Apesar de ser uma prova muito dura e voltada para corredores experimentes, eu estava lá. Um marinheiro de primeira viagem. Lembro-me que um competidor uruguaio me perguntou: Como vocês treinam no Brasil?
Pois é!!! Onde treinamos? Como treinamos? 
E foi por aqui que essa corrida começou.
Rodrigo (Treinador da Ápice) me passou um treino dividido em quatro longos seguidos - de quarta a domingo. A cada semana, havia um aumento da quilometragem, sempre tentando simular, dentro do possível, os dias de corrida.
Além disso, precisávamos providenciar os equipamentos obrigatórios para a prova, que incluíam mochila, saco de dormir, roupas térmicas, agasalho de montanha, lanterna etc.

No dia 11 de dezembro, após cumprir a parte burocrática da prova, como pagamento da inscrição, seguro, aluguel de rádio, participamos do briefing com o diretor geral da prova, quando conhecemos mais detalhadamente o percurso e recebemos informações sobre o clima e sobre os pontos possíveis para descanso. A partir daquele momento era rever o planejamento e esperar pelo dia seguinte.

Às 12 horas do dia 12.12.2012, largamos do centro da vila. Chovia de forma moderada. Começamos num ritmo tranquilo e depois de alguns quilômetros enfrentamos nossa primeira grande montanha, de um total de quatro: o Cerro Bayo, com seus 1750 metros. No topo, formos apresentados aos primeiros desafios: neve, vento forte e frio extremo. No primeiro dia percorremos 45 quilômetros até o primeiro refúgio, onde dormimos umas quatro horas.

Segundo dia: enfrentamos mais uma montanha; o Cerro O'Connors, com 1870 metros e uma visão espetacular. Nesse dia, percorremos 40 quilômetros. Paramos para dormir algumas horas, mas a chuva intensa e o frio não deixaram. Assim, no terceiro dia, sexta-feira, saímos bem cedo, por volta das 5h30 e só paramos na linha de chegada, por volta das 9h de sábado. Foram quase 28 horas ininterruptas de atividade física. Dormimos apenas 15 minutos, de roupa e tudo.

Nos dois últimos dias, enfrentamos os Cerros Piedritas e Buol, ambos com 1800 metros. Neles, dentre todas as dificuldades existentes, tivemos que atravessar mais de vinte rios, com água gelada até a altura dos joelhos. Até hoje, minha sensibilidade dos pés está prejudicada.




O La Misión é uma prova duríssima, como dizem os argentinos! Dos 377 competidores, 115 desistiram. Além das subidas e mais subidas, que quase nos matam, as decidas também nos destroem, pois são muito íngrimes. Haja joelhos e tornozelos!! Mas também é uma prova com paisagens belíssimas, na qual fazemos contato com uma natureza selvagem, composta por montanhas, neve, bosques e vales.
Como disse, alcancei a linha de chegada na manhã de sábado. Estava exausto, com os tornozelos inchados e enfaixados; todo dolorido, mas muito feliz por ter vencido a La Misión, pois LLEGAR ES GANAR. 
É difícil traduzir em palavras a essência da La Misión! É preciso vivenciá-la, tornar-se um "missionário"! É uma prova contra você mesmo, na qual seus limites físicos e emocionais são levados a um extremo que desconhecemos.
Valeu Ápice!!! Até a próxima!!!
Marcelo