Consegui!!!

Lembro claramente quando o antigo livro de história explicava que Brasília não tem esquinas, pois foi planejada para evitar aglomerações. Como capital do país, centro do governo, estas não seriam bem vindas. Pois  ontem, eu que cresci em Brasília, longe de amontoados populares, descobri o poder que um grupo de pessoas, com um objetivo em comum, possui. Havia chegado o dia 20 de junho. Pra quem não leu as outras postagens, dia da minha primeira corrida.  Exatamente na Esplanada dos Ministérios: centro do poder do Brasil.

O ar seco e o frio das 8 da manhã envolvendo uma multidão que circulava se aquecendo, alongando e confraternizando - a espera da largada dos 5 ou 10 km. Contagiante! Sinto não ter capacidade de transmitir em texto a atmosfera daquela manhã. Após a largada, tudo seria permitido. Correr. Andar. Trotar. Desistir. Sem censuras. Não era uma competição. Vamos lá! Até onde der. Se der, até o final. Gordinhos; magros; obesos; jovens; senhores; invasores - sem inscrição formal. Todos eram bem vindos. Correriam lado a lado. Alguns mais na frente que outros.

Estava na hora. Contagem regressiva. Os corredores divididos por tempo. Os mais rápidos na frente. Eu fiquei lá atrás. Ipod preparado. Dada a largada! Meu grupo, postado a uns 200 metros do portal de largada, ainda nem se mexia, enquanto víamos os mais rápidos afastarem-se a passos largos. A prova ainda não tinha começado pra nós. Lentamente, fomos nos aproximando do nosso início. Chip no pé para registrar o momento exato  (chique demais). Pronto!!!!!! Começou!!!! Passos curtos. Trote constante. Cabeça pensando o tempo inteiro. De olho na frequência cardíaca. De olho na roupa engraçada da moça que passava. Na cicatriz do sujeito ao lado. Durante alguns minutos me ocupei com o senhor que passou por mim, com pisadas firmes e se distanciou lentamente. Pude acompanhá-lo durante um bom tempo até não localizá-lo no meio das tantas camisetas amarelas. Tentava esquecer que corria e queria muito cumprir os 5 km sem mudar meu ritmo. Não importava se em último ou não. Durante a prova, descobri um segredo: não olhe pra trás. O que interessa está por vir. Não olhe pra trás.

Consegui!

Agora estou enlouquecido! Quero mais! Quero outra! Mais 5 km. Diminuir o tempo. Aumentar as passadas. Viver toda aquela intensidade novamente.

Depois da prova, entre uma fruta e um isotônico, houve tempo suficiente pra descobrir os companheiros no meio do povo. Paulão, amigo incentivador que me empurrou pra essa aventura, chegou logo dos 10km. Depois, ainda encontramos outros colegas. Uns, como eu, começaram a correr agora; outros há mais tempo. Mas, melhor de tudo foi encontrar a familia vibrona, contaminada por minha excitação atual.

Quero mais!

Grande abraço e até a próxima

Luiz Guilherme Loivos de Azevedo